Monday, September 10, 2007

Passam as lágrimas, voltam os sorrisos.

Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do céu, passavam cenas da minha vida. Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor.

Quando a última cena passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me aborreceu deveras e perguntei então ao Senhor:

- Senhor, Tu me disseste que, uma vez que resolvi te seguir, Tu andarias sempre comigo, em
todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho.

O Senhor me respondeu:

- Meu querido filho. Jamais eu te deixaria nas horas de provas e de sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que eu te carreguei nos braços.

Do livro "Pegadas na areia" - Margareth Fishback Powers - Ed.Fundamento


Existem coisas que acontecem na vida que deixam a gente sem palavras. Nessas horas, tudo que a gente pensa em dizer parece frase feita. Fórmula de livro de auto-ajuda. O silêncio acaba falando mais alto. E pensando bem, de que adianta dizer para se ignorar a dor, se ela insiste em doer? Como interromper a lágrima que desliza pelo rosto, se logo em seguida vem outra? Melhor deixar que o choro escorra livremente. Melhor chorar, gritar, esbravejar e, então, permitir que a tristeza vá embora. Só assim se pode recomeçar.

É preciso que os olhos sequem para que se possa ver novamente o que está pela frente. É preciso que a tristeza passe para que a alegria mais uma vez tenha lugar. Claro que isso demora. A recuperação é um processo lento e não adianta fazer de conta que é fácil. Mas também não ajuda nada pensar que é impossível. Tudo é possível quando se tem Fé.

Deus jamais nos abandona, mesmo que a gente não perceba isso. É Nele que temos que buscar nossas forças, confiantes de que essas forçar virão. É Ele quem nos carrega naquelas horas em que já não podemos contar mais nem com as nossas próprias pernas. Deus é quem mostra o caminho e nos acompanha na caminhada, não importa quão longa e árdua ela seja. Se nos machucamos durante o trajeto, se sofremos injustiças e ataques que podem até nos derrubar, precisamos ser mais fortes do que isso. Temos que aprender a levantar e seguir do jeito que pudermos.

Depois que as nuvens se dissipam, o sol brilha novamente.
Depois que passarem as lágrimas, voltarão também os sorrisos.


Força, Pedro. Estamos com você.

Saturday, April 21, 2007

MEU PAI RASPOU O BIGODE.

Dedico esse texto ao meu maior professor: meu pai.


Nesses meus 34 anos de vida, só me lembro do meu pai sem bigode nas fotografias que vi da sua juventude. Assim, ficou estampada na minha mente, uma imagem muito clara do papai sempre de bigodão e com aquele sorriso escondido por trás dele. Bigode que era pretinho no início e aos poucos foi se acinzentando, enquanto os fios brancos tomavam conta do terreno. De repente, não é que aparece na sala o meu velho com aquele rosto todo lisinho, tipo “bundinha de neném”? Que sensação esquisita, nem sei como definir. Era o meu pai e ao mesmo tempo... sei lá... não era ele.

Achei engraçado, fiz brincadeiras, tirei foto com o celular e tudo mais. Mas no fundo, confesso que achei muito estranho vê-lo assim. E aí fiquei até me sentindo um pouco culpado, afinal, volta e meia eu perguntava se ele não pensava em tirar o bigode. É claro que ele pensava, óbvio que sim. Quem é que se olha no espelho e não sente vontade de mudar alguma coisa de vez em quando? Eu mesmo vivo enjoando da minha cara e ora uso cavanhaque, ora barba e ora fico de “baby face”. Ou seria “baby but”? O curioso é que bigode eu nunca usei (acho que saiu de moda).

Mas olhando para o meu pai, penso como deve ter sido difícil pra ele criar coragem pra raspar o bigode. Depois de tantos anos, aquela faixa de cabelo entre a boca e o nariz fica tão natural, que nem dá pra se imaginar sem ela. Por isso, ainda que isso pareça algo simples e sem importância, eu acho que a atitude dele foi um gesto de coragem, sim. A coragem de mudar e enfrentar de cara limpa (literalmente) as brincadeiras e a sensação de estranhamento dos outros e, principalmente, de si mesmo.

É justamente essa ousadia que nos falta muitas vezes. Quando estacionamos em nossa zona de conforto, paramos de evoluir. Quando nos apoiamos em velhos hábitos, temos resistência em renovar nosso espírito. Por isso não é bom ficar apegado demais com as coisas, sejam roupas, discos, fotografias, lembranças, sentimentos ou até mesmo um bigode.

Vendo meu pai daquele jeito tão diferente, aprendi com ele mais uma grande lição. Tudo na vida tem o seu tempo, mas o presente só é um presente para quem se dispõe a mudar.

Saturday, March 10, 2007

Se eu pudesse parar o tempo.

Este texto é dedicado especialmente a uma turma com quem aprendi muito, enquanto procurava ensinar alguma coisa.


Se eu pudesse parar o tempo

Quando eu era criança, imaginava como seria incrível se pudesse “congelar” o tempo. Se fosse possível parar instantaneamente tudo à minha volta para que, assim, eu pudesse passear livremente por onde quisesse. Meu sonho era invadir as sorveterias e lojas de doces, experimentando um pouquinho de cada coisa até me fartar.

Mais tarde, na adolescência, ainda imaginava como seria bom se eu tivesse esse poder. Mas confesso que, naquela época, motivado pelo excesso de hormônios, aproveitaria esse dom com segundas intenções.

Hoje, quando começo a ver o mundo com o brilho prateado de alguns anos já vividos, imagino uma utilidade diferente para esse desejado poder de paralisar as horas. Não é que eu não goste mais de guloseimas, nem que me afetem menos os hormônios. Simplesmente descobri que há outras coisas mais importantes e que passam tão depressa em nossa vida que mal temos tempo de apreciá-las. São instantes que, se pudéssemos perpetuá-los, nos trariam eterna felicidade.

A época da faculdade, por exemplo: para quem a vivencia, parece uma eternidade. Para quem a conclui, um piscar de olhos. E quem não gostaria de capturar para sempre o sentimento de realização ao receber o diploma na colação de grau? A emoção de festejar com os amigos e parentes mais queridos no baile de formatura? A doce saudade que já se espalha no ar durante o almoço de despedida da turma?

Mas não é somente para prolongar momentos assim que eu gostaria de comandar a marcha dos minutos. É, principalmente, para aqueles pequenos acontecimentos que também marcam a nossa vida e que, ao contrário do baile e da colação de grau, nem sempre damos a devida atenção quando eles acontecem. O período da faculdade é cheio desses momentos: uma coisa nova que se aprende, uma bronca que se leva, um elogio que se ganha, uma amizade que se inicia, um namoro que se rompe, uma viagem que se faz, uma bebedeira que se esquece (mas que alguém sempre faz questão de nos lembrar). São coisas pequeninas das quais só percebemos a grandiosidade depois que se vão.

Nesses casos, sequer adiantaria congelar o tempo: seria preciso voltar atrás. Contudo, nem uma coisa e nem a outra estão ao nosso alcance e é justamente por isso que nenhum de nós também não pode se dar o luxo de ficar parado. Precisamos evoluir sempre, sempre dando valor às experiências que surgem na nossa vida, por mais simples que elas sejam.

Ficando atentos, poderemos “fotografar” nossas experiências na memória, preservando-as intactas no coração. Desse modo, toda vez que desejarmos revivê-las, bastará fechar os olhos e buscar um pouco de paz. Nada mais do que isso.

Wednesday, February 14, 2007

Prêmios e Recompensas

Descobri há algum tempo que nem todo prêmio recompensa quem o recebe. Da mesma forma, nem toda recompensa vem na forma de um prêmio. É engraçado porque, aparentemente, as duas coisas são iguais. Mas só à primeira vista. Observando direitinho, você ainda vai reparar – naquilo que acontece na sua própria vida – que algumas vezes a gente ganha um prêmio, mas, no íntimo, sabe que não fez muito por merecê-lo. Ou reconhece que o mérito maior nem foi nosso. Ou então que esse prêmio veio por uma feliz coincidência, por um acaso mesmo.

No primeiro caso, você pode ser premiado em um concurso, mas não necessariamente porque o seu trabalho foi ótimo e sim porque os outros é que não estavam bons. No segundo, você pode ganhar um prêmio importante e sair bem na foto, sabendo que a sua equipe é que foi responsável por isso. E no terceiro caso, pode conquistar uma vitória inesperada, porque os outros que estavam à sua frente tiveram problemas. A pergunta, então, é a seguinte: que valor tem esses prêmios? É claro que a gente se alegra, mas depois, quando olha pra eles, qual é a sensação? Dá pra se sentir recompensado?

Uma recompensa verdadeira é aquela que vem, como o próprio nome diz, recompensar o nosso esforço. É uma forma de agradecimento, uma retribuição. Isso não implica necessariamente na escolha de alguém que foi “o melhor”. Você pode até chegar em último numa corrida e, mesmo assim, se sentir recompensado. Para você e aqueles que torciam por você, isso representa uma superação. Assim, os aplausos que receber serão mais sinceros. Os abraços, mais calorosos.

Outra diferença é que ganhar um prêmio tem aquelas circunstâncias cerimoniosas que o envolvem e que acabam lhe roubando a espontaneidade. Isso já não acontece quando você recebe uma recompensa, afinal, geralmente ela vem de maneiras simples como um sorriso, um elogio, um olhar, uma carta, um cartão. Ou até de um jeito mais sofisticado, como uma placa de metal numa bela caixa aveludada. De um jeito ou de outro, é a surpresa de não esperar por isso que faz a pessoa se sentir tão recompensada. Tão emocionada a ponto de perder as palavras.

Quem não percebe essas coisas e acha que na vida o que importa são só os prêmios tem que tomar muito cuidado para não se decepcionar. Afinal, um prêmio a gente recebe, coloca na estante, depois acaba se esquecendo. Já uma recompensa, muitas vezes, nem dá pra pegar. Mas essa a gente guarda no coração e ali ela fica preservada para sempre. Inesquecível.

Thursday, January 25, 2007

TESOURO MAIS DO QUE ESCONDIDO.

Minha filha abre a porta do escritório e me entrega uma folha de papel pardo enrolada.

- O que é isso?

- Seu presente de aniversário.

(detalhe: hoje é dia 25 e meu aniversário é dia 26...)

- Ah, é? Que legal.

(Vou desenrolando o “presente”)

- Olha! Você me deu um papel em branco (????) que legal...

- Não, papai, é um mapinha do tesouro. Eu só não tive tempo de desenhar, porque a Fatinha (a empregada) não me deu uma caneta.

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