Saturday, March 10, 2007

Se eu pudesse parar o tempo.

Este texto é dedicado especialmente a uma turma com quem aprendi muito, enquanto procurava ensinar alguma coisa.


Se eu pudesse parar o tempo

Quando eu era criança, imaginava como seria incrível se pudesse “congelar” o tempo. Se fosse possível parar instantaneamente tudo à minha volta para que, assim, eu pudesse passear livremente por onde quisesse. Meu sonho era invadir as sorveterias e lojas de doces, experimentando um pouquinho de cada coisa até me fartar.

Mais tarde, na adolescência, ainda imaginava como seria bom se eu tivesse esse poder. Mas confesso que, naquela época, motivado pelo excesso de hormônios, aproveitaria esse dom com segundas intenções.

Hoje, quando começo a ver o mundo com o brilho prateado de alguns anos já vividos, imagino uma utilidade diferente para esse desejado poder de paralisar as horas. Não é que eu não goste mais de guloseimas, nem que me afetem menos os hormônios. Simplesmente descobri que há outras coisas mais importantes e que passam tão depressa em nossa vida que mal temos tempo de apreciá-las. São instantes que, se pudéssemos perpetuá-los, nos trariam eterna felicidade.

A época da faculdade, por exemplo: para quem a vivencia, parece uma eternidade. Para quem a conclui, um piscar de olhos. E quem não gostaria de capturar para sempre o sentimento de realização ao receber o diploma na colação de grau? A emoção de festejar com os amigos e parentes mais queridos no baile de formatura? A doce saudade que já se espalha no ar durante o almoço de despedida da turma?

Mas não é somente para prolongar momentos assim que eu gostaria de comandar a marcha dos minutos. É, principalmente, para aqueles pequenos acontecimentos que também marcam a nossa vida e que, ao contrário do baile e da colação de grau, nem sempre damos a devida atenção quando eles acontecem. O período da faculdade é cheio desses momentos: uma coisa nova que se aprende, uma bronca que se leva, um elogio que se ganha, uma amizade que se inicia, um namoro que se rompe, uma viagem que se faz, uma bebedeira que se esquece (mas que alguém sempre faz questão de nos lembrar). São coisas pequeninas das quais só percebemos a grandiosidade depois que se vão.

Nesses casos, sequer adiantaria congelar o tempo: seria preciso voltar atrás. Contudo, nem uma coisa e nem a outra estão ao nosso alcance e é justamente por isso que nenhum de nós também não pode se dar o luxo de ficar parado. Precisamos evoluir sempre, sempre dando valor às experiências que surgem na nossa vida, por mais simples que elas sejam.

Ficando atentos, poderemos “fotografar” nossas experiências na memória, preservando-as intactas no coração. Desse modo, toda vez que desejarmos revivê-las, bastará fechar os olhos e buscar um pouco de paz. Nada mais do que isso.

6 comments:

zapbr said...

Olá Daniel, realmente esse desejo de parar o tempo ou de pelo menos controlar um pouco ele, é um sonho que quase todo mundo tem, mas também se ficássemos a todo momento parando correríamos o risco de não vivermos novos momentos e nossa vida não ganharia esses novos presentes a todo momento.
Acredito que a verdadeira busca está ai, em buscar a cada dia um momento desse digno de ser congelado, mas como isso não é possível, bora procurar o momento congelável do dia.
Fazendo isso, tentando isso todos os dias acredito ser impossível ser infeliz.
Obrigado mais uma vez, pelos grandes e valiosos ensinamentos e pelos muitos momentos congeláveis que você proporcionou.

A¹³ said...

É Daniel... Parar o tempo sempre foi uma ambição que cada um de nós alguma vez na vida desejou. E o estranho é que por vezes conseguimos algo que nos deixa essa sensação de que "o tempo parou". Por outras queremos que o relógio corra mais rápido do que nosso próprio pensamento. Eu acho o tempo é uma coisa estranha, dessas que cada um gostaria de moldar, de conceituar, de ter ou não... E o tempo tem tantas descrições, tantas formas de definição, tantos tudos, que agora o meu tempo é de olhar para frente, mas não esquecer de agradecer quem pra sempre será lembrado no "meu tempo" como alguém especial. Vocês, "professores especiais", Super Professores, para sempre serão mais do que lembranças de um tempo que se foi, mas sim presente de um futuro que sem vocês não iríamos construir da forma como fora. Obrigada Daniel, meu nobre colega de trabalho... Obrigada.

Unknown said...

Que momentos congelar?

Sei que não posso, mas também não sei se congelaria momentos.
Já os sentimentos...ahhh...esses sim, com certeza. O desejo, bem querer, satisfação,aprendizado, alegrias, amores...ahh todos eles estão congelados.

O fato de não poder fazer tudo o que queremos as vezes nos deixa frustrados, insatisfeitos. É então que escorrem lágrimas, palavras enfurecidas, mas o tempo sabe o que faz (como eu já odiei esse jargão).

Não sei se lhe chamo de professor, Daniel, amigo, enfim serás professor sempre, amigo eu ganhei durante a faculdade e saudades e obrigada Daniel.

Ana Ribeiro said...

Nossa,
Niutrai e Jeremias estão no mesmo assunto. Eu estou sofrendo disso, Daniel. O tempo é um maratonista que corre sem parar e eu, uma pobre velocista corro atrás dele e canso, corro de novo e canso, corro de novo mas estou sempre atrás.
Eu valorizo todos esses momentos que você citou, e coisas fantásticas me aconteceram até agora. Mudar de faculdade só somou mais momentos e pessoas especiais.
Nostalgia pra sempre.

Rapha Garcia said...

Quando você disse que queria parar o tempo para pegar guloseimas, automaticamente eu me lembrei da minha infância e da minha pré-adolescência, na época em que eu queria parar o tempo pra levar todas as guitarras e baixos da loja "A Serenata", hehehe...

O bom de saber congelar o tempo e "fotografá-lo" na hora certa, é você poder entrar nos "arquivos" da sua memória, e visualizar as "fotos" que você tirou das melhores épocas da sua vida!! Que sensação boa!!!

Abração, Professor!
até amanhã na aula! =D



p.s.: criei esse blog pra mim! Vou te "favoritar" lá! ^^

Unknown said...

Incrivel vc!
Certeza que da Newton , sua aula eh minha melhor fotografia.

Seu texto me afetou.
Nem lutei contra.

Agora fico aqui, na esperanca de que o pause do dvd aprenda a parar o tempo.

(Continuo sem acentos. Rs..)