Há mais de 30 dias que não tenho nenhum de descanso. Não
estou reclamando, sei que foi uma escolha minha conjugar duas profissões. E se
gosto das duas, do contrário já teria abandonado uma delas, não posso mesmo
reclamar.
Mas também não posso fingir que tem sido fácil. Porque não
tem. E o mais difícil não é nem o excesso de trabalho que essa dupla jornada me
traz, é não poder dar um tempo para aquilo que existe de mais importante na minha
vida: minha família.
Perdi a conta de quantas vezes minha filha caçula me chamou
pra jogar videogame com ela. Quantas vezes ela me perguntou se eu ainda tinha
muita coisa pra fazer. Se tinha que trabalhar no fim de semana.
Pois ela mesmo, que já me disse várias vezes que eu estava
trabalhando muito, percebeu o meu conflito e me deu a "bênção" pra eu
continuar fazendo o que preciso. Quando abracei minha baixinha e pedi desculpas
por não poder brincar com ela, minha filha olhou pra mim e disse: não é sua
culpa, papai. É seu trabalho.
Acho que o amor que a gente sente e transmite consegue
ultrapassar até mesmo essas barreiras que enfrentamos. Ela sabe que o meu
trabalho é importante e entende que isso não tira a importância que ela tem para
mim. Assim, mesmo não tendo muito tempo pra gente brincar, basta um olhar e um
abraço mais apertado para que eu me reencontre com ela. E comigo mesmo também.