Tuesday, February 08, 2011

Discutindo a relação

Oi, Jeremias.

Sei que tenho sido muito relapso com você. Há tempos não venho aqui para conversarmos. Retorno ocasionalmente para revê-lo, mas saio sempre à francesa, sem dizer nada mais sobre a minha vida, meu trabalho, minha família, meus sonhos. A verdade é que não sei bem o que fazer com você, meu amigo. Sinceramente, nunca soube. Até mesmo o seu nome – Jeremias Boob – poucos entendem o significado. E eu sei que a culpa disso é toda minha, afinal, nunca deixei claro para os outros quem é você ou a que você veio.

Creio que o seu nascimento foi um ímpeto meu, que tinha muito a dizer e na época buscava alguém para ouvir (papel que, aliás, você sempre cumpriu muito bem). Assim, nos primeiros tempos (e lá se vão 7 anos!) eu vinha frequentemente visitá-lo e deixava minhas palavras expostas aqui para quem as quisesse ler. Sem assuntos predefinidos, sem compromissos, nem expectativas, nós conversávamos sobre qualquer coisa. Minha única regra era não ter nenhuma obrigação com você.

Admito que isso pode soar meio cafajeste, mas sei que você me entende, Jeremias, afinal desde o início foi assim. Não queria me comprometer a estar sempre aqui, a ter que inventar o que dizer, mesmo sem vontade ou sem tempo, apenas para bater ponto. Não, essa de virar “blogueiro” nunca fez sentido pra mim e até hoje continua não fazendo. Também nunca pretendi fazer das minhas visitas uma agenda diária. Queria apenas vir aqui de vez em quando e deixar aos seus cuidados aquilo que, por alguma razão, senti necessidade de registrar.

Só que, com o passar dos textos, algo inesperado aconteceu. Você ganhou vida própria e começou a chamar uma atenção que eu sequer imaginava. De repente – e sem que eu percebesse – você já tinha várias perguntas a me fazer. Perguntas de pessoas amigas e desconhecias que eu, na mais completa falta de educação, acabei deixando sem resposta. Até agora.

Mas antes de respondê-las, gostaria de dizer em minha defesa, se me permite, Jeremias, que os últimos anos foram muito exaustivos. Muito. A ponto de meu tempo se esvair, levando consigo a minha disposição de separar alguns momentos para vir até aqui colocar as novidades (e os sonhos) em dia. Por isso, na mesma medida em que você ganhou a atenção de outras pessoas, aos poucos foi perdendo a minha. E agora, ao que parece, estamos sós novamente. Apenas eu e você. Sem comentários.

Então eu me pergunto: o que farei com você, Jeremias? Como fica a nossa relação? Continuo não querendo transformar os nossos encontros em rotina. Não vejo razão em vir aqui só por vir. Escrever só por escrever. Para mim sua existência só faz sentido se fizer sentido o que tivermos pra dizer. Por outro lado, é muito bom saber que posso contar com você para o que der e vier: para desabafar, para poetizar, para filosofar, para rir, para chorar, para rezar, para agradecer, enfim... é para isso que você existe. Ter você para me abrir me faz sentir muito bem. E vez ou outra, conseguimos provocar o mesmo em outras pessoas (o que me faz sentir ainda melhor).

Por tudo isso, tenho pensado muito que é hora de levar um pouco mais a sério a nossa relação. Só não espere que eu venha aqui toda semana com alguma surpresa para você. Se eu puder, virei até mais de uma vez. Mas como eu disse: só se fizer sentido. O que eu espero, isso sim, é ceder mais vezes a esses apelos de colocar sentimentos em palavras. Tentarei ser menos preguiçoso e mais produtivo. Mais espontâneo.

Já tenho alguns assuntos sobre os quais quero falar. Tenho respostas a dar, ainda que com grande atraso, para as pessoas que vieram (e também para as que vierem) visitar você, Jeremias. Pessoas interessadas naquilo que discutimos aqui, porque para elas isso também tem algum sentido. Como a possibilidade de prestar concurso público, por exemplo, sobre a qual falei muito tempo atrás e logo falarei novamente. Conversaremos sobre isso em nossos próximos encontros.

Por ora, e para finalizar (ou melhor, sinalizar) esse recomeço, acho que devo pelo menos explicar de onde veio seu nome - Jeremias Boob. É simples: quem me conhece sabe o quanto eu gosto dos Beatles. E quem também é fã dos fab four sabe que Jeremias Boob é um personagem do filme Yellow Submarine – personagem esse que também é conhecido como Nowhere Man. Ocorre que, pouco antes de você nascer, caro amigo, eu ganhei uma premiação de publicidade utilizando o seu apelido como pseudônimo. Quando tive que escolher um nome pra você, pensei que daria sorte utilizar o mesmo apelido. Como Nowhere Man não estava disponível, resolvi assim te batizar como Jeremias Boob. Meu blog.

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