Dentro de mim uma voz fala.
Mas o mundo não me deixa escutá-la.
Ela insiste.
Eu despisto.
Ela insiste.
Eu resisto.
Ela grita.
Eu conflito.
Dentro de mim uma voz fala.
Mas o medo não me deixa escutá-la.
Ela insiste.
Eu despisto.
Ela insiste.
Eu resisto.
Ela briga.
Eu abrigo.
Dentro de mim uma voz cala.
Mas o menino não me deixa silenciá-la.
Ele insiste.
Eu despisto.
Ele insiste.
Eu resisto.
Ele insiste.
Eu desisto.
Dentro de mim, uma voz canta.
Saturday, December 05, 2015
Wednesday, October 21, 2015
Minha baixinha
Minha filha pequena está ficando
grande. Hoje, Mariana completa 11 anos. Mas eu ainda vejo nessa mocinha o encantamento
lindo da infância. Olho pra ela, cada vez mais ligada em videogames e menos
interessada nas bonecas, e ainda reconheço a criança exuberante que existe no
seu coraçãozinho. E aí, o meu é que vai ficando pequeno. Porque daqui a pouco, ela
não vai mais pedir “papai, deita um pouquinho comigo”, quando chegar a hora de
dormir. Não vai mais me receber com aquele abraço gostoso quando eu volto pra
casa. Não vai mais me chamar para brincar, porque isso pra ela será “coisa de
criança”. E então eu ficarei ali, lembrando de tudo que estou lembrando agora e
pensando em todas as vezes em que eu só fui deitar com ela depois que ela já
estava dormindo. Pensando nos dias em que eu cheguei cansado e, antes de
receber o seu abraço, dei uma bronca porque ela deixou a casa bagunçada. Nos momentos
em que eu estava trabalhando e não pude parar e brincar, como ela tanto pedia.
Mas vou tentar deixar isso de lado e lembrar também que, muitas outras vezes,
eu me enfiei debaixo das cobertas e cobri minha baixinha de cócegas. Recordarei
as noites em que o seu carinho foi mais rápido que a minha rabugice, e que o
seu abraço derrubou o meu cansaço e levantou a minha disposição. E também os
dias em que resolvi chutar o balde e, sim, permiti que a minha filha me fizesse
voltar a ser criança. São esses os momentos que eu quero guardar. Porque se a
gente não pode guardar a infância dos filhos para sempre, pelo menos eu posso preservar
esses instantes maravilhosos que a gente viveu nesses 11 anos juntos. E eles
estão bem guardadinhos, minha filha, junto com você, no meu coração. Que Deus
te abençoe para você crescer com saúde, sempre espalhando alegria. Não importa
o quanto você cresça, você será sempre minha baixinha.
Sunday, September 13, 2015
"Não é sua culpa, é seu trabalho"
Há mais de 30 dias que não tenho nenhum de descanso. Não
estou reclamando, sei que foi uma escolha minha conjugar duas profissões. E se
gosto das duas, do contrário já teria abandonado uma delas, não posso mesmo
reclamar.
Mas também não posso fingir que tem sido fácil. Porque não
tem. E o mais difícil não é nem o excesso de trabalho que essa dupla jornada me
traz, é não poder dar um tempo para aquilo que existe de mais importante na minha
vida: minha família.
Perdi a conta de quantas vezes minha filha caçula me chamou
pra jogar videogame com ela. Quantas vezes ela me perguntou se eu ainda tinha
muita coisa pra fazer. Se tinha que trabalhar no fim de semana.
Pois ela mesmo, que já me disse várias vezes que eu estava
trabalhando muito, percebeu o meu conflito e me deu a "bênção" pra eu
continuar fazendo o que preciso. Quando abracei minha baixinha e pedi desculpas
por não poder brincar com ela, minha filha olhou pra mim e disse: não é sua
culpa, papai. É seu trabalho.
Acho que o amor que a gente sente e transmite consegue
ultrapassar até mesmo essas barreiras que enfrentamos. Ela sabe que o meu
trabalho é importante e entende que isso não tira a importância que ela tem para
mim. Assim, mesmo não tendo muito tempo pra gente brincar, basta um olhar e um
abraço mais apertado para que eu me reencontre com ela. E comigo mesmo também.
Monday, August 03, 2015
Até mais
Há 10 anos, entrei numa sala de
aula pela primeira vez como professor. Lembro-me de ter ido lá sozinho na
semana anterior só para conhecer e imaginar-me naquele ambiente que, em tão pouco
tempo, tornou-se tão familiar. Um espaço de experiências e de espantos. De aprendizado e (re) descobertas. De pensar e
repensar. De um fazer que me fazia renascer todos os dias.
São tantas as pessoas a quem eu
gostaria de agradecer por terem me levado até aquela sala de aula naquele dia. Os
professores que me tornaram professor. Os alunos que me mantiveram sempre aluno.
Os colegas com quem ampliei as minhas aulas e o meu conhecimento. E sobretudo à
escola que abriu para mim essas portas e de quem eu hoje me despeço.
Não preciso dizer os nomes de
ninguém, porque vocês já sabem. São de vocês as lembranças que eu trago comigo.
E também as amizades que eu levarei adiante, como um presente precioso por
todos os momentos incríveis que eu vivi nessa última década.
Muito obrigado. Espero que
possamos nos reencontrar um dia, em tantas outras salas de aula por aí.
Saturday, August 01, 2015
Aproximação
Wednesday, July 29, 2015
Levanta!
Levanta!
Não deixe a poeira se acumular de novo.
Você ficou muito tempo adormecido e, quando despertou, se
assustou.
O susto foi porque você não viu que era de você mesmo, do
seu próprio talento, que você estava se esquivando.
Nada contra se esquivar, às vezes é preciso pra gente se
proteger. Mas faça como um pugilista que se esquiva para golpear logo em
seguida.
Porque se você não golpeia, se não parte pra briga, você vai
ficando acuado. Apanhando. Tentando ganhar por pontos no final e correndo o
risco de ser derrubado no próximo round.
E a queda virá. Não se engane: mais cedo ou mais tarde, você
receberá um golpe mais forte que vai te fazer dobrar os joelhos.
Então, não se ajoelhe por conta própria.
Não se acovarde. Você é mais forte do que pensa.
Você ainda tem muitas lutas pela frente e, ainda que não
consiga vencer todas, uma coisa você já conquistou: respeito.
Portanto, suba no ringue alerta, mas sem medo. Porque ninguém
pode levar seus sonhos a nocaute.
A não ser que você mesmo jogue a toalha.
Saturday, July 18, 2015
When I´m gone
When I´m gone,
I want you to close your eyes
And sing this song
I want you to find your strengh.
´Cause you are strong.
I want you to realize
You´re not alone.
I´ll wait for you in your heart,
where I belong
My love
Goes on, and on, and on, and on, and on...
And everytime you miss my kiss
Need my hug to heal your pain
Just remember to sing this
So I´ll be back with you again
Thursday, July 16, 2015
Pequenas doses de poesia
Mais um dia? Menos um dia? Mais dia, menos dia, a gente descobre
que dia é hoje.
---
Amor. Use sem moderação.
---
Basta um instante para a gente querer voltar ao que era
antes
---
Por onde a gente passa, fica
E aquilo que a gente leva, deixa
E aqueles que a gente encontra, perde
E aqueles que a gente perde, leva
---
A vida passa depressa depressa depressa depressa depressed
---
Pensei um pouco. Senti muito.
Pensei muito. Senti pouco.
Pensei sentir.
Senti pensar.
Friday, July 10, 2015
Super-brother
Uma melodia me trouxe de volta
meu irmão. Naqueles tempos em que brincávamos juntos na varanda lá de casa.
Quando ele se vestia de Super-homem e pulava do murinho num grande vôo de meio metro
de altura. De repente, meu irmão foi voar mais alto. Longe da gente, sem nunca
sair do nosso coração. Nosso anjo particular deixou tanta saudade! Tantas boas lembranças.
E hoje já se foi mais tempo do que o tempo que o tivemos aqui. Como alguém tão
importante marcou tanto a nossa vida e esteve com a gente tão pouco? Será que já
estivemos juntos antes e esse foi só mais um encontro? Será que nos veremos novamente?
Não consigo acreditar que a vida se acaba assim, inacabada. Não consigo, nem
quero. Espero que a gente volte a se encontrar. Algum dia, em algum outro
lugar. Ao som de outras melodias.
Wednesday, July 08, 2015
Escape
Eu sou o
vigia da minha própria cela. O guarda que fica do lado de fora balançando as
chaves, só pra me mostrar que, na hora que ele quiser, ele me deixa sair. Eu
sou o cara de cara fechada que mantém meus sonhos bem trancados. Aquele que me
aprisiona numa camisa de força, antes que eu faça alguma loucura. Eu sou o
carcereiro que dispara o alarme, quando eu começo a pensar em fugir. O soldado
que me contém, quando eu ensaio uma rebelião. O agente que passa de noite
batendo nas grades e não me deixa dormir. Eu sou a pessoa de plantão diante das
câmeras, acompanhando todos os meus movimentos. O meu promotor, os meus jurados
e o meu juiz. O diretor da prisão que me
promete liberdade, mas me mantém na solitária. O carrasco esperando chegar o meu
momento final.
Mas do lado
de dentro da cela, eu sigo sonhando com um novo começo. Sou o condenado que
recusa a própria condenação. O preso que se alimenta de esperança com a colherzinha
que ele mistura o café, imaginando cavar um túnel. Eu sou o detento que risca
as paredes contando os dias pra sair da prisão. O cara que simula sorrisos, dissimulando
a sua intenção de fugir. Aquele que se revolta com o seu bom comportamento e
jura pra si mesmo que um dia, sabe lá quando, vai conseguir escapar.
Wednesday, May 13, 2015
Respiro
Chego em casa tarde e elas ainda estão acordadas. Já era
hora de estarem na cama, mas não brigo. Lamentaria muito não ter esse pedacinho
final do meu dia junto com essas duas. Incrível como essas baixinhas me
derrubam. Um abraço é o suficiente pra me jogar no chão, de joelhos. Penso no
quão pouco faço isso. Na correria que têm sido meus dias, sem parar nem pra
respirar direito. Por isso esses momentos são tão importantes. Aquele carinho
inesperado, aquele pulo no pescoço. Coisas que a gente não compra porque não
teria dinheiro nenhum que pudesse pagar. Vou sentir saudades disso. Já sinto.
Vazio. Porque são elas que me preenchem e transbordam. São elas que me fazem
respirar, subir à superfície, pegar fôlego e mergulhar de novo. Eu só gostaria
de ficar mais tempo aqui na superfície e menos lá embaixo. Porque o sol brilha
é aqui em cima. Com elas. Minhas filhas.
Monday, February 23, 2015
Segunda-feira.
Como é que a gente sente saudades
de quem está do lado da gente? É uma saudade antecipada, uma coisa de quem sabe
que um dia estará sozinho – e teme por esse dia. A sensação de uma dor
latejante, como se tivéssemos machucado o dedo e então beijamos a mão por
instinto. O beijo, nesse caso, é na pessoa de quem a gente sente saudade, a
quem abraçamos forte, como se fosse possível segurá-la assim. Para sempre. Ou
talvez, o que tentamos fazer é segurar o tempo, aquele momento ali tão mágico,
antes que ele se torne uma lembrança e a lembrança se esvaeça na memória. De
repente, sem que a gente perceba, já estamos chorando. Um choro que é ao mesmo
tempo de tristeza e de felicidade. Porque é uma dor de saudade, mas de uma
saudade presente. Ou melhor: de um presente que a gente sabe que um dia será
somente saudade.
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