Ela chegou sem fazer barulho, chorando baixinho, sem se dar
conta do quanto a sua presença fazia todos felizes. Quem diria... ela que era culpada
por tantos infortúnios, causadora de tantos desencontros, renegada em todos os casamentos
e aniversários, ela própria era agora o motivo da festa.
Foi preciso que o
tempo nos ensinasse a sua importância. Aprendemos, vendo os nossos sonhos secando
pouco a pouco. Sentindo a nossa pele queimando e sufocando com as cinzas espalhadas
pelo ar.
Dia após dia, noite após noite, semana após semana, aguardamos a sua
volta. Mas ela esperou até que muitos consumissem as suas últimas gotas de
esperança. Até que todos levantássemos os olhos e os braços para o céu,
suplicando o seu retorno.
Só então ela veio, afogando nossas mágoas e
disfarçando nossas lágrimas. Que agora, são de pura felicidade.
Obrigado, chuva. Seja bem-vinda.
Obrigado, chuva. Seja bem-vinda.